Proibição em Lacan

A proibição é um conceito fundamental na teoria de Lacan. Segundo Lacan, a proibição desempenha um papel crucial na formação do sujeito e na estruturação do desejo. Lacan argumenta que a proibição é uma condição necessária para o desenvolvimento psíquico saudável e para a entrada do sujeito na ordem simbólica.

De acordo com Lacan, a proibição está relacionada à lei simbólica¹, que é uma das três ordens que estruturam o psiquismo humano, juntamente com o registro do real² e o registro do imaginário³. A lei simbólica é uma ordem de significação que estabelece limites e regras para o sujeito. Ela é representada pela linguagem e pelas normas sociais.

Lacan argumenta que a proibição é necessária porque o desejo humano está intrinsecamente ligado à falta. O desejo é sempre o desejo de algo que está ausente, de algo que falta. A proibição funciona como uma barreira que impede o sujeito de alcançar plenamente seus desejos, gerando assim uma tensão e um impulso para a busca da satisfação.

A proibição também está relacionada ao complexo de Édipo, que é uma das principais construções teóricas de Lacan. Segundo Lacan, o complexo de Édipo surge quando a criança se confronta com a proibição do incesto, ou seja, a proibição de ter relações sexuais com os pais. Essa proibição é fundamental para a entrada da criança na ordem simbólica e para a constituição do sujeito como sujeito desejante.

Além disso, Lacan destaca que a proibição não deve ser entendida apenas como uma restrição externa imposta pela sociedade, mas também como uma restrição interna que o sujeito internaliza. O sujeito se identifica com a proibição e a incorpora em sua psique, tornando-a parte de sua estrutura psíquica.

É importante ressaltar que a proibição não é apenas negativa. Ela também desempenha um papel positivo na constituição do sujeito. A proibição estabelece limites e regras que permitem ao sujeito se orientar no mundo e se relacionar com os outros de forma adequada. Ela também cria um espaço para a sublimação, que é a transformação dos desejos e impulsos em atividades socialmente aceitáveis e culturalmente valorizadas.

Em suma, na teoria de Lacan, a proibição desempenha um papel crucial na formação do sujeito e na estruturação do desejo. Ela está relacionada à lei simbólica, ao complexo de Édipo e à constituição do sujeito como sujeito desejante. A proibição não apenas restringe, mas também possibilita a busca e a satisfação dos desejos, além de estabelecer limites e regras que permitem ao sujeito se orientar no mundo e se relacionar com os outros de forma adequada.

Algumas obras de Lacan onde o tema da proibição é mencionado incluem:

  • "O Seminário, Livro 2: O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise"
  • "O Seminário, Livro 5: As formações do inconsciente"
  • "O Seminário, Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise"
  • "O Seminário, Livro 17: O avesso da psicanálise"

Notas:

  1. A lei simbólica é uma das três ordens que estruturam o psiquismo humano de acordo com Lacan, juntamente com o registro do real e o registro do imaginário. Ela é uma ordem de significação representada pela linguagem e pelas normas sociais. A lei simbólica estabelece limites e regras para o sujeito, desempenhando um papel crucial na formação do sujeito e na estruturação do desejo. Ela está intrinsecamente ligada à proibição, que impede o sujeito de alcançar plenamente seus desejos, gerando assim uma tensão e um impulso para a busca da satisfação. A lei simbólica também cria um espaço para a sublimação, transformando os desejos e impulsos em atividades socialmente aceitáveis e culturalmente valorizadas.
  2. O registro do real é uma das três ordens que estruturam o psiquismo humano de acordo com Lacan, juntamente com o registro do imaginário e a lei simbólica. O registro do real representa a dimensão do real que escapa à simbolização e à representação linguística. Ele se refere àquilo que é impossível de ser totalmente simbolizado ou representado, como o trauma, o vazio existencial e o inefável. O registro do real é uma dimensão que está além da linguagem e das construções simbólicas, e muitas vezes provoca angústia e desconforto no sujeito. Lacan argumenta que o acesso ao registro do real é limitado e que o sujeito só pode ter uma relação indireta com ele através das construções simbólicas e imaginárias. O registro do real é uma parte fundamental da experiência humana, embora seja algo que não pode ser totalmente compreendido ou simbolizado.
  3. O registro do imaginário é uma das três ordens que estruturam o psiquismo humano de acordo com Lacan, juntamente com o registro do real e a lei simbólica. O registro do imaginário refere-se à dimensão do psiquismo que é construída por meio de imagens, fantasias e representações mentais. Ele está associado à formação de identidades e à construção de narrativas pessoais. O registro do imaginário desempenha um papel importante na constituição do sujeito, influenciando a percepção de si mesmo e dos outros. É por meio do registro do imaginário que o sujeito desenvolve imagens e ideias sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.

18 de janeiro de 2024

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