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Psicanálise e Psicose

Herbert Rosenfeld, em seu trabalho "Considerações sobre o Tratamento Psicanalítico de Psicóticos", aborda de maneira profunda e criteriosa a complexidade do tratamento psicanalítico de pacientes psicóticos. Seu estudo é marcado por uma perspectiva inovadora que enfatiza a importância de entender a psicose não apenas como um conjunto de sintomas, mas como uma condição que afeta profundamente a experiência subjetiva do indivíduo. Rosenfeld argumenta que o tratamento psicanalítico de pacientes psicóticos requer uma compreensão profunda das dinâmicas psíquicas internas e das defesas que os pacientes usam para lidar com seus conflitos internos. Ele destaca a importância de uma abordagem empática e de uma relação terapêutica sólida para facilitar o processo de tratamento. Na visão de Rosenfeld, a psicose é uma condição que se caracteriza por uma ruptura na continuidade da experiência subjetiva. Esta ruptura pode ser manifestada de várias formas, como delírios, alucinações e um sent...

Desejo de mãe/filho

O desejo de mãe/filho é um tema complexo e significativo na psicanálise. Ao longo dos anos, os psicanalistas têm explorado profundamente as dinâmicas envolvidas nessa relação e como ela molda o desenvolvimento do indivíduo. Na teoria psicanalítica, o desejo de mãe/filho refere-se aos desejos e fantasias inconscientes que permeiam a relação entre a mãe e seu filho. Esses desejos podem ser expressos de várias maneiras, como através do cuidado materno, da proteção, do afeto e até mesmo das projeções inconscientes da mãe sobre o filho. Um aspecto importante a ser considerado é que o desejo de mãe/filho não se limita apenas às mães biológicas e seus filhos. Pode ser encontrado em qualquer relação parental, incluindo pais adotivos, guardiões ou figuras parentais substitutas. O que importa é a dinâmica emocional e a interação entre a figura parental e a criança. A psicanálise destaca a importância desse desejo na formação da identidade do indivíduo. É através da relação com a figura mater...

Empatia em Terapia

 A empatia desempenha um papel fundamental na prática da psicanálise. Através da empatia, os terapeutas podem estabelecer uma conexão profunda com seus pacientes, permitindo que eles se sintam compreendidos e apoiados em seu processo terapêutico. A psicanálise é uma abordagem terapêutica que se concentra na compreensão dos processos mentais inconscientes e nas dinâmicas psicológicas que influenciam o comportamento humano. A empatia desempenha um papel crucial nesse contexto, pois permite que os terapeutas se coloquem no lugar do paciente, compreendam suas experiências subjetivas e vejam o mundo através de sua perspectiva. Quando os terapeutas demonstram empatia, eles mostram aos pacientes que estão genuinamente interessados em entender suas emoções, pensamentos e experiências. Isso cria um ambiente seguro e acolhedor, no qual os pacientes se sentem à vontade para explorar seus problemas e conflitos internos. A empatia também ajuda a estabelecer uma relação terapêutica sólida, bas...

Resiliência e Psicanálise

A resiliência é um termo utilizado para descrever a capacidade de uma pessoa de lidar com adversidades, superar desafios e se recuperar de situações difíceis. É um conceito que tem sido amplamente estudado e discutido na psicanálise. Na psicanálise, a resiliência é vista como um processo psicológico complexo que envolve a capacidade de enfrentar e superar experiências traumáticas. Ela está relacionada à capacidade de adaptação e de encontrar novas formas de lidar com as dificuldades. A resiliência não implica em negar ou ignorar a dor, mas sim em desenvolver mecanismos internos que permitam uma recuperação saudável. Um dos conceitos fundamentais na psicanálise é o de "ego". O ego é responsável por mediar as demandas do mundo externo e as demandas internas do indivíduo. Um ego resiliente é capaz de lidar com as pressões e demandas do ambiente, sem sucumbir ao estresse ou à ansiedade. Ele é capaz de encontrar soluções criativas para os problemas e de se adaptar às mudanças. ...

O Sinthoma e a Construção Singular da Identidade em Lacan

Jacques Lacan, em seu Seminário 23, introduz um conceito inovador que se diferencia das noções tradicionais de sintoma na psicanálise: o "sinthoma". Este termo, originário do grego "σύμπτωμα", que significa algo que se apresenta simultaneamente, emerge como uma peça-chave e desempenha um papel fundamental na compreensão da construção singular da identidade do sujeito. O sinthoma representa uma resposta única e pessoal do sujeito à falta estrutural no simbólico, indo além da concepção convencional de sintoma como um simples indicador de conflitos reprimidos. É uma manifestação complexa que transcende a noção tradicional de sintoma, abrindo caminho para uma abordagem mais ampla e abrangente na psicanálise. No cerne dessa concepção está a percepção de Lacan sobre a linguagem como a fonte primordial da experiência humana. A falta estrutural no simbólico, segundo Lacan, é inerente à condição humana. O sujeito é confrontado com a tarefa constante de lidar com essa ausênc...

Realidade Psíquica em Lacan

A realidade psíquica na teoria de Lacan é uma dimensão fundamental que abrange os aspectos subjetivos da realidade. Jacques Lacan, psicanalista e teórico francês, desenvolveu uma abordagem única para compreender a psique humana, que se concentra na importância do inconsciente e na linguagem como meio de expressão e construção do sujeito. Para Lacan, a realidade psíquica não pode ser reduzida apenas ao mundo externo e aos eventos observáveis. Ela envolve os pensamentos, sentimentos, fantasias e experiências internas do sujeito, que muitas vezes não são prontamente acessíveis à consciência. O inconsciente desempenha um papel central nessa concepção, revelando-se através de lapsos, sonhos, atos falhos e sintomas psicopatológicos. A teoria lacaniana destaca a importância da linguagem na construção da realidade psíquica. Lacan propõe que a linguagem não apenas reflete a realidade, mas também a constitui. Ele introduziu o conceito de "Significante" para representar as unidades li...

Processo de Subjetivação em Lacan

O processo de subjetivação na teoria de Lacan é um conceito fundamental para compreender a formação e constituição do sujeito. Lacan propõe uma abordagem psicanalítica única, que vai além do entendimento tradicional do sujeito como uma entidade estável e unificada. Segundo Lacan, o sujeito não nasce pronto, mas é construído ao longo do tempo através das interações com o mundo e os outros. A subjetivação envolve a construção da identidade, dos desejos e das relações interpessoais, e é influenciada por fatores sociais, culturais e históricos. Para Lacan, a subjetivação é um processo complexo que se desenvolve em três principais etapas: o Imaginário , o Simbólico e o Real . No estágio do Imaginário, o sujeito se identifica com uma imagem idealizada de si mesmo, que é construída a partir das expectativas e demandas da sociedade. Nesse estágio, o sujeito busca ser reconhecido e aceito pelos outros, e a imagem que ele forma de si mesmo pode ser influenciada por ideais inatingíveis¹ . No ...